“Compreender que ser Compreendido”

“Mas, respondendo ele, disse ao pai:

“eis que te sirvo, há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com meus amigos...”-Jesus (Lucas, 15:29.)

Quantas Almas passam valorosos anos de sua existência, ou até mesmo passam por várias existências na carne, esperando apenas pela compreensão dos outros?

Sentindo-se injustiçadas?

Buscando incansavelmente pela posição de vitimas das circunstâncias em que elas mesmas foram as principais arquitetas, sentindo-se dignas de apenas buscar pela compreensão alheia, mas sem olhar para dentro de si mesmo, vivem como se fossem “cegas”, desprezando grandes oportunidades de crescimento, grandes oportunidades se serem úteis na Seara do Mestre, através da boa convivência que nos faz adquirir belas experiências e aquisições durante a existência humana encarnada.
Seria uma grande vitória para nós mesmos ,se passássemos a nos observar com mais calma, serenidade e com certa freqüência, para verificarmos o que já conquistamos efetivamente como seres imortais que somos, para que mesmo que com as poucas conquistas que já colocamos em nossa bagagem espiritual, nunca deixando que o orgulho nos cegue para verificarmos também o tanto que temos que trabalhar para promover um grande saneamento em nós mesmos, banindo de nosso interior espiritual, os espinhos que foram cravados em nossa alma, durante nossas travessias pela carne.
Mas cada um de nós, que somos filhos do Pai amado, já possuímos algo de bom que já nos faça dignos de servirmos ao nosso próximo, doando o pouco do que já trouxemos para dentro de nós, dos tesouros valorosos que o burilamento espiritual pode nos proporcionar, àqueles que marcham junto conosco rumo ao aperfeiçoamento de nossas Almas.
Deveríamos refletir que a verdadeira caridade não se expressa apenas em dividir os bens materiais, mesmo em momentos de escassez, mas principalmente em fazer com que os bens espirituais também sejam multiplicados através da solidariedade, da fraternidade, da união, que esses bens possam ser divididos também, nos momentos em que lágrimas estejam escorrendo pelas faces necessitadas, não só de pão, mas de amor, de carinho ou de apenas um ombro de um irmão para se confortarem, ou para se sentirem, nem que seja um pouco, mais tranqüilas, mais amparadas.
Quando o Mestre nos trouxe através de seus ensinamentos de Luz, a Parábola do Filho Pródigo, Ele mesmo, nos ensinava a grande necessidade de sermos mais compreensíveis, mais brandos com nossos irmãos de jornada.
E hoje através da Doutrina de Luz, que Ele nos mandou, para nos consolar em nossas aflições, nos acalmar mediantes as grandes “tempestades” em que nós mesmos nos colocamos, mediante a tantos equívocos, ocasionado por nossa “ingenuidade” espiritual, chegamos ao entendimento de o quanto devemos lutar efetivamente para sermos mais compreensíveis, pois só assim alcançaremos uma nova etapa em nossa busca pelo aperfeiçoamento como Espíritos imortais que somos.
A grande reflexão que devemos fazer, com relação à Parábola narrada pelo Cristo é:
Quem somos nós, o irmão que saiu para o mundo e se arrependendo voltou para junto de seu pai, ou aquele que ficou ao lado do pai o tempo todo e mesmo assim não compreendeu os desiguinos de seu genitor?
Na realidade, deveríamos buscar um proceder nessa vida , como se fossemos este irmão que erra ao ir embora gastando tudo que seu pai lhe deu e depois busca com arrependimento ao seio da família, necessitando de compreensão de todos, necessitando do abraço que refaz as energias desperdiçadas lá fora.
Também deveríamos pensar o quanto nós agimos como aquele irmão que se julga sempre estar ao lado do pai, mas não o compreende em suas atitudes, provando assim não estar realmente ao lado dele com toda sua alma, com o qual tinha tanto a aprender, ou se já conseguiu aprender algo, não reteve dentro de si para que pudesse gerar frutos na convivência do dia a dia, e muitas vezes nos revoltamos por não entendermos que nem tudo que queremos, é exatamente aquilo que necessitamos.
Se desejamos ser dignos de sermos reconhecidos como aqueles que vivem
junto do Pai, é extremamente necessário que nos esforcemos o máximo possível para dividirmos nossas alegrias, nossas boas conquistas, buscando ser mais compreensíveis nos momentos em que o testemunho nos chamar á prova principalmente com aqueles que se julgam afastados Dele, só assim cresceremos, só assim conseguiremos nos aproximar ainda mais do nosso Mestre Jesus.

“Se te sentes ligado á Esfera Superior por teus atos e diretrizes, palavras e pensamentos, não te encarceres na vaidade de ser bom. Não te esqueças, em circunstâncias alguma de que Deus é Pai de todos, e, se te ajudou para estares com Ele, é para que estejas com Ele, ajudando aos outros.”

(Palavras de Vida Eterna-Emmanuel-Francisco Cândido Xavier)

Sérgio Aparecido Alvim